sábado, 12 de novembro de 2011

Chuva

Não sei que poder exerce em mim um dia de chuva.
Sinto que, mais do que os incómodos ou benefícios que possa causar,
me traz melancolia...
Nem sempre foi assim.
Em São Paulo, era eu menina,
quando vinha da escola e chovia
ia a pé para casa, molhava-me até aos ossos.
Chegava a casa feliz, quente, de alma lavada
a minha mãe ralhava e eu, simplesmente, não ouvia.

Entrego-me a este devaneio,
a este desassossego porque chove.
Estamos no outono
nas cores de atapetam o chão
nas folhas que ainda insistem em permanecer nas árvores.
O vento ainda não concluiu o seu trabalho de deitar abaixo as folhas.
Diverte-se a despentear cabelos ao vento.
É frio o vento de outono
É fria a água de outono
Não libertam
Não aquecem o corpo e a alma
Desassossegam, deste desassossego que não consigo explicar.

Mara Cepeda

2 comentários:

  1. Mara

    Tu és a prova dos diversos sentimentos que a chuva pode provocar: a explicação não está na chuva mas em nós.

    beisico
    A.

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  2. Sim. A chuva potencia os nossos estados de alma.
    Deixo, quando a vida permite, que me leve para dentro de mim onde me conheço melhor.

    beisico
    Mara

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